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Selic mantida a 10,50%: o que fazer com seus investimentos?

Para especialistas, cenário atual traz oportunidades de investimentos tanto na renda fixa quando na variável

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Por Thunay Moreira

Descrição do Jornalista Thunay Moreira

Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu pela manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano na reunião encerrada nesta quarta-feira (19/06). Com isso, encerra-se, pelo menos por hora, o ciclo de redução de juros iniciado em agosto passado. Se antes a expectativa era de que a taxa básica terminasse 2024 em um dígito, o que fazer com seus investimentos nesse novo cenário? O Bora Investir conversou com especialistas em alocação e gestores para entender. Confira!

O mercado já esperava amplamente a manutenção dos juros, e muito por conta disso, os ativos de renda variável sofreram nas últimas semanas. Outro ponto que pesou sobre os preços de ações foram as preocupações com o resultado fiscal do governo federal.

“Esses fatores têm impactado as empresas mais expostas ao mercado interno e/ou mais sensíveis a curva de juros. Setores como varejo, imobiliário e serviços têm sido particularmente afetados. Entretanto, muito deste cenário já está precificado no mercado de ações”, explica Isabel Lemos, gestora de renda variável do Fator.

O pessimismo já está “precificado”

O pessimismo também teve impactos no mercado de renda fixa, que passou a esperar menos cortes da Selic nesse ano (e até mesmo uma retomada do ciclo de elevação). Com isso, surgiram opções de títulos prefixados ou indexados à inflação pagando prêmios mais elevados do que antes.

“Isso nos faz questionar se o mercado agora não está pesando muito a mão para um pessimismo”, diz Caio Schettino, head de alocações da Criteria. Na avaliação dele, isso pode representar uma boa oportunidade de acrescentar mais risco às carteiras, seja na renda fixa ou na variável.

Schettino inclusive avalia que o mercado brasileiro colocou peso demais no fato de a decisão ser ou não unânime entre os membros do colegiado. “Acompanho bancos centrais mundo afora, e é raríssimo você observar votos unânimes. Inclusive, é muito comum ver dirigentes do Banco Central americano falando coisas completamente contrárias no mesmo dia”, comenta.

Renda fixa: prefixados e indexados à inflação ganham espaço

No cenário atual, os títulos de renda fixa que têm alguma taxa prefixada (seja os prefixados puros ou aqueles que corrigem a variação da inflação e têm mais uma taxa prefixada) estão ganhando destaque.

“Hoje, você encontra títulos de renda fixa de longo prazo pagando IPCA+7% ao ano, de empresas boas. O Tesouro está pagando IPCA+6,4%”, diz Schettino, que afirma não ter visto taxas assim há anos. “Acho que a renda fixa pode ser uma alternativa para aumentar o risco nas carteiras”.

Segundo ele, os prefixados de vencimento mais curto têm chamado a atenção. “Na renda fixa, voltamos a ver CDBs pagando 14% ao ano. Então a gente voltou a olhar esses prés de curto prazo, é onde a gente acha que está o erro do mercado”, diz.